Em meio ao debate eleitoral antecipado sobre a eleição de 2024 e troca de farpas entre vereadores, uma iniciativa muito importante e que preserva a memória e a história da cidade foi apresentada, na sessão de quinta-feira do Legislativo santa-mariense, por duas estudantes e seu professor. Na Tribuna Livre – espaço reservado para a população, entidades e instituições utilizarem –, o professor Rodrigo Nathan Romanus Dantas e as alunas do 2º ano do Ensino Médio Maria Luiza de Castro Santiago (à dir.) e Evelyn Chaves de Morais, do Colégio Marista Santa Maria, fizeram uma explanação da proposta de iniciativa popular e que prevê a inclusão de legendas nas placas dos espaços públicos da cidade com objetivo de auxiliar “na contextualização histórica de seus respectivos nomes”.
“As ruas, praças e galerias, habitualmente, são nomeadas em homenagem a figuras célebres ou eventos de destaque que ocorreram na região. No entanto, muitas pessoas podem não estar cientes do significado por trás de seus nomes. Ao adicionar uma breve descrição histórica na parte inferior das placas que indicam esses ambientes, as pessoas podem aprender mais sobre onde vivem, a importância daqueles que foram homenageados, bem como problematizar a seletividade da memória histórica oficial”, diz um trecho da justificativa do projeto.
A proposta, conforme o professor Rodrigo, foi elaborada por um grupo de oito alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio como tarefa da Iniciação Científica. “O que nos moveu foi a questão da contextualização histórica dos nomes dos logradouros públicos, a questão que veio a nossa mente foi: qual que é o contexto dos nomes das nossas ruas e dos nossos prédios públicos? O que que é a Vale Machado, quem foi Rio Branco, quem foi Astrogildo de Azevedo”, afirmou ele. O professor acrescentou que, depois de uma pesquisa sobre os critérios para apresentação de um projeto de iniciativa popular e constatar que o caminho é complexo, o grupo decidiu apresentar a proposta como sugestão para que algum dos 21 parlamentares possa acolher a iniciativa.
Pertencimento
A proposta prevê, ainda, que a elaboração das informações históricas incluídas nas placas possa ser feita pelo Executivo, em parceria com universidades e escolas, públicas e privadas, via projetos de pesquisas sobre os nomes dados aos espaços públicos. Também estabelece que os locais sem denominação possam ser batizados com “nomes de pessoas ou acontecimentos históricos”. Na tribuna, as estudantes contaram que o modelo proposto teve como base as placas de Porto Alegre em que as descrições sobre o homenageado constam na parte inferior. Além da justificativa, as alunas reforçaram ao microfone a importância da proposta. “Por meio dessa contextualização histórica, será incentivada a preservação da memória coletiva e vai ter impacto também na vida dos residentes. A gente sabe que, aqui em Santa Maria, tem um problema que são, muitas vezes, as pichações nas próprias placas, em estátuas, em tudo! Nosso grupo acredita que, por meio dessa contextualização histórica, tenha esse sentimento de pertencimento e cativação dos santa-marienses”, resumiu Evelyn.
Como é salutar ver jovens estudantes discutindo política, ainda mais em um momento em que grande parte da sociedade está cansada dessa polarização doentia entre direita e esquerda. Além de conhecerem mais sobre o papel do Legislativo e a função do vereador, o grupo apresentou uma iniciativa com foco na preservação da memória da cidade pouco valorizada, infelizmente!
